Depois da criação do Parque Natural da ilha do Pico, em Julho do ano transacto (DLR nº 20/2008/A), que integrou todas as áreas protegidas classificadas e reclassificadas da ilha, como é o caso da Reserva Integral da Montanha da Ilha do Pico, Monumento Natural Regional da Gruta das Torres e que reclassificou como reservas naturais, as reservas florestais naturais parciais do Caveiro e Mistério da Prainha e a reserva florestal natural parcial da Lagoa do Caiado, enquadrando os regimes decorrentes dos planos especiais de ordenamento do território em vigor, como o Plano de Ordenamento da Paisagem Protegida de Interesse Regional da Cultura da Vinha e alargou a área ocupada pela SIC (Sitio de interesse comunitário) e pela ZPE (zona de protecção especial) que preenchem o planalto da Achada e a montanha do Pico; teve-se como finalidade promover (e cito o respectivo diploma): “uma unidade coerente e integrada, pautada por objectivos de gestão e conservação que contempla espaços com particulares aptidões para a conservação da natureza, da paisagem e dos recursos naturais, assente em critérios científicos de classificação, balizados por orientações internacionais, nacionais e regionais.
 |
| Zona de Terrenos Incultos no Mistério da Silveira |
A sua estrutura territorial abrange sobretudo áreas ocupadas pela montanha e pelo planalto central com aspectos notáveis quer do ponto de vista geológico quer do ponto de vista ecológico, com troços litorais importantes para a conservação da orla costeira e recursos marinhos, e toda uma área de elevado valor cultural e paisagístico que é ocupada pela cultura da vinha do Pico.” Tornou-se desde logo por demais evidente, a exiguidade do quadro de “vigilantes da natureza” para responderem a tão imensa área de intervenção, já que, em nosso entender, acima de tudo, devem procurar exercer uma constante acção pedagógica junto da nossa população, relacionada com o uso dessas áreas protegidas, bem como do intrínseco valor acrescentado que as mesmas podem trazer à vertente ecoturística. Ora, este desiderato era já uma preocupação plasmada nas conclusões do XII Encontro de Vigilantes da Natureza, em Fevereiro de 2004, quando eram reivindicadas: mais formação nas áreas de sociologia, geologia, ética ambiental, psicologia; a par de outras referências reivindicando: mais interligação com as variadas instituições, nomeadamente em campanhas de sensibilização ambiental; serem incompreendidos, ao não existir da parte das entidades competentes um esforço de divulgação junto das populações da importância da actuação destes profissionais; reconhecendo igualmente o papel fundamental que deverão exercer na organização e implementação de medidas de controlo de espécies invasoras e infestantes em ambientes protegidos, tomando as necessárias medidas correctivas, de modo a optimizar no terreno, o plano previamente estabelecido, constatando a insuficiência de meios e alertando para a ampliação dos quadros.
 |
| Terrenos abandonados na Baía de Canas - Prainha |
Vem agora, o secretário regional do Ambiente e do Mar, Álamo Meneses, afirmar a sua aposta nos “vigilantes da natureza”, assumindo a necessidade de serem recrutados mais elementos para as zonas de interesse ambiental, à medida que forem sendo criados os parques naturais de ilha, como é o caso do Pico, já que, actualmente, o arquipélago conta com cerca de 30 “vigilantes da natureza”, carreira criada há nove anos para cuidar das zonas de interesse ambiental, competindo-lhes sensibilizar as populações para a preservação do ambiente, mas também monitorizar os recursos naturais, nomeadamente nos domínios hídricos, do património natural e da conservação da natureza.
 |
| Incultos Ponta da Ilha-Piedade |
Deixando a cargo da GNR e aos “inspectores do ambiente” a outra função de natureza policial e punitiva, fica assim valorizada e sublimada a missão pedagógica e de orientação junto das populações, em áreas naturais sensíveis, função esta que, em nosso entender, deve ser mais potenciada, na necessária formação a ser ministrada aos novos elementos, uma vez que, segundo Álamo Menezes, esta é "uma carreira com futuro, que tem apostado na qualificação crescente dos seus profissionais".
Mas, nesta ilha em particular é tempo de ser implementado um levantamento mesmo que generalista, que identificasse os imensos hectares de terrenos agrícolas abandonados, logo incultos, propícios ao desenvolvimento desse dito “trabalho de organização e implementação de medidas de controlo de espécies invasoras e infestantes, tomando as necessárias medidas correctivas”.
Desse trabalho, algo poderia resultar em prol da valorização dessas imensas áreas abandonadas e que, talvez, sejam um problema sério, apenas na nossa ilha.
Em tempos novos buscando novos desafios, esperam-se medidas inovadoras e esta seria uma delas…
Voltar para Crónicas e Artigos |
